22/11/2013 - 14h55
De fevereiro de 2011 a setembro de 2013, o projeto "Quero Fazer" fez 23.038 testes de HIV nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife e Brasília, encontrando uma prevalência média de 4% de pessoas infectadas com o HIV. Esses e outros dados do projeto foram divulgados na manhã dessa sexta-feira, 22 de novembro, em São Paulo, no Encontro Nacional de Equipes do Programa “Quero Fazer”.
O projeto, que existe desde 2008, também treinou 140 pessoas e realizou 1.911 atividades de prevenção em campo. A estimativa é de que tenham atingido mais de 137 mil pessoas -- dessas, 13 mil são das populações mais vulneráveis ao HIV, ou seja, os homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e transexuais, que são, na verdade, o foco do projeto.
Na opinião de Beto de Jesus, um dos coordenadores do "Quero Fazer", o programa não é estigmatizante para essas populações. Segundo ele, esse era um medo do início do projeto, mas as populações têm uma boa relação com o projeto.
Dos 23 mil testes, 89 foram realizados em Fortaleza, onde o serviço é mais recente, 3.214, no Rio de Janeiro, 4.506, em São Paulo, 5.615, no Distrito Federal e 9.614, em Recife. Cerca de metade dos testes foram realizados nas populações específicas e a outra metade na população em geral.
Chama a atenção dos realizadores do "Quero Fazer" a grande quantidade de jovens entre 18 e 30 anos que realiza o teste, além das lésbicas representarem uma demanda crescente. Em Recife, há ainda um número maior de testagem em pessoas com mais de 50 anos.
Prevalência de HIV Em relação às pessoas diagnosticadas com o vírus HIV nos testes realizados pelo "Quero Fazer", o perfil médio é formado pela população masculina, homossexual e na faixa etária entre 18 e 25 anos.
A prevalência de resultado positivo foi, em média, de 4%, mas com variações entre 2% (realizado no trailer de Recife) a 12,7% (testes realizados na ONG associada no Rio de Janeiro). Em São Paulo, o índice fica por volta de 5,1%, em Fortaleza, 3,3% e Brasília, 2,2%.
Embora o projeto tenha sido concebido para a testagem do vírus da aids, ele também realiza testes de outras DSTs e hepatites virais, mas os dados dessas não estão sistematizados como os de HIV. Em Fortaleza, a prevalência da sífilis ficou em 13,7%, dado que preocupa os gestores. Segundo Beto de Jesus, nas outras capitais os índices são similares.
Aids em São Paulo
Na segunda mesa da manhã, alguns gestores de regiões que contam com a iniciativa do "Quero Fazer" comentaram sobre a importância do projeto no acesso ao diagnóstico e no combate à epidemia. Eliana Gutierrez, coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo, também aproveitou a oportunidade para comentar alguns dados epidemiológicos do município, que constam do próximo Boletim Epidemiológico, ainda não divulgado.
Os dados apresentados pela gestora mostram a queda da mortalidade e da letalidade da aids e da incidência de HIV em homens e mulheres. No município de São Paulo, a epidemia está concentrada em jovens, homens e na região central. Em 2012, foram 779 óbitos decorrentes da aids, 21% menos do que em 2007.
“Mas os dados não são homogêneos”, lembrou Eliana. “Embora tenhamos índices bons, de um modo geral, temos também índices preocupantes”. Entre eles, a incidência e a mortalidade na população negra, que tem índices duas vezes maiores do que a população branca. “Por isso, enfrentar o racismo é tão necessário, seja ele institucional ou não”, completou. Segundo a gestora, para combater a epidemia na cidade é necessário territorializá-la, focar nos jovens, nos HSH e na população negra.
“Aprendemos muito com o "Quero Fazer" e vimos que é uma iniciativa com potencial muito alto para diagnosticar. Aprendemos que concentrar a testagem é altamente eficiente”, finalizou Eliana.
Nana Soares
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