domingo, 21 de novembro de 2010

CUIDADO NO QUE ESTÁ USANDO

Açúcar queimado, vodca barata ou pinga e uma pitada do original. Para não perder a clientela, vale até analgésico contra a dor de cabeça. Com maior ou menor sofisticação, essa é a receita básica do uísque que o mercado clandestino criou para abastecer casas noturnas, bares e restaurantes das metrópoles. Num laboratório equipado para analisarem bebidas e remédios apreendidos, peritos da Polícia Federal descobriram as principais formas utilizadas na adulteração dos produtos. Também encontraram substâncias adicionadas à cocaína consumida no país. Com o uísque é assim: um pouco da bebida legítima fica para deixar o gosto. Vodca, pinga ou até álcool de cozinha, usados em maior quantidade, dão o grau etílico. O mesmo modus operandi é utilizado em outros tipos de bebida, como o conhaque e o rum. "Mas o maior alvo é o uísque", diz Adriano Maldaner, perito criminal responsável pelo laboratório da PF. Os testes da PF são realizados em espectrômetro de massas, aparelho que separa cada substância da bebida e descobre a "impressão digital" do produto adulterado. Não existem estatísticas oficiais sobre apreensões de bebidas falsificadas no Brasil, mas, pela simplicidade da fórmula, os peritos avaliam que sua presença seja disseminada no mercado. Com medicamentos é um pouco diferente. A falsificação, que necessita ser feita em laboratório minimamente equipado, ocorre principalmente com dois produtos: o Viagra e anabolizantes. Em ambos os casos, a perícia identificou lotes com as chamadas "pílulas de farinha" ou com as substâncias da fórmula original, mas em proporções alteradas. Na análise de amostras de cocaína, a PF descobriu que a droga mesmo não passa de 60% da trouxinha vendida nas ruas. O resto é mistura, como açúcar ou gesso em pó. Os testes mostram que, de tão misturada, até o crack consumido no Brasil é mais puro que a cocaína em pó.

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