Pesquisa realizada pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo apontou que 9,1% das pessoas com 60 anos ou mais são “bebedores pesados”.
Quando falamos em dependência química, é comum pensarmos apenas nos jovens. De fato, o vício das drogas atinge principalmente os jovens com idades entre 17 e 35 anos. Na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo o número de dependentes químicos triplicou nos últimos seis anos. Segundo o coordenador de saúde mental da Secretária de Saúde, "A taxa de crescimento do uso do crack, segundo alguns estudos está por volta de 10% ao ano". Porém esta relação "dependência química versus juventude" abarca, atualmente, outro grupo: os idosos. O índice de pessoas na terceira idade que estão se tornando dependentes químicos tem aumentado bastante.
Segundo a reportagem, "crack e álcool são as drogas mais utilizadas por pessoas acima dos 60 anos. De acordo com uma pesquisa realizada com idosos que procuraram o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas, entre 1996 e 2009, em Ribeirão Preto, 86% deles são aposentados e usam respectivamente o crack, a cocaína e a maconha."
O consumo de álcool ainda é o maior problema entre os idosos. "Segundo um estudo realizado pela USP de Ribeirão Preto, a dependência do álcool faz parte da rotina de 8,2% dos idosos. Outra pesquisa realizada pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo apontou que 9,1% das pessoas com 60 anos ou mais são "bebedores pesados", o equivalente a 88 mil idosos da capital."
O que faz deste cenário, antes reservado a juventude, ser hoje uma preocupação na velhice? Podemos levantar algumas hipóteses: a saída do mercado de trabalho, sentir-se improdutivo, a solidão, o isolamento, o enfrentamento da própria morte e a perda de pessoas queridas, enfim, múltiplos fatores que levam a pior escolha: as drogas como rota de fuga, o abandono total de si.
Adriana Talarico, psicóloga, especializada na recuperação de dependentes químicos, explica: "Muitos acabam se tornando dependentes químicos após o abandono dos familiares, perda de emprego ou até mesmo a solidão. Também é considerável a questão cultural da própria família. Avós e pais também podem trazer geneticamente a tendência para o vício. Cada um encontra um motivo para entrar, mas não acha nenhum para sair do vício".
A reportagem ainda esclarece que "o alcoolismo em pessoas acima dos 60 anos amplia em até oito vezes o desenvolvimento de doenças cognitivas como demência e Alzheimer. Além disso, pode trazer outras consequências como o aparecimento de doenças cardíacas (insuficiência, arritmias), gastrointestinais e hepáticas; e também de alguns tipos de câncer, quedas e aumento de pressão arterial."
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